30.3.05
Planeta dos Macacos

Vídeo: Gorillaz - "Feel Good Inc." - Disco novo do Gorillaz significa que vamos ver esses personagens feiosinhos por um bom tempo em tudo quanto é lugar, afinal, eles são a demonstração máxima de quanto a imagem pode ser importante para a música pop. Por outro lado, não dá pra negar que musicalmente eles são bem divertidos e espertos, e o mentor do projeto, Damon Albarn (do Blur), sempre busca parcerias interessantes para os discos dos primatas. Nessa faixa temos os rappers do De La Soul e o DJ Danger Mouse (aquele do Grey Album, lembra?)
Pois bem, voltando ao assunto da imagem: disco novo do Gorillaz também significa ótimos vídeos, sempre abusando de animações bacanudas e da linguagem de desenho animado, como neste novíssimo vídeo do primeiro single. Diversão pop pura, e da boa.
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Para assistir ao vídeo precisa de Windows Media Player.
25.3.05
Eu estou tentando partir o seu coração (pela primeira vez)
Elbow - "Crawling with idiot" - O Elbow está quase lançando seu álbum novo, e eu espero que seja tão bom quanto o último, chamado "Cast of Thousands". É deste disco que saiu esta bela (e lenta) balada, que confirma o estigma de filhote do Radiohead que eles carregam. Se todos os filhotes fossem assim, estaria ótimo! Preste atenção na guitarra que aparece com mais força no final dessa canção romântica e melancólica. Linda, enfim.
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Violins - "Sim Sentido" - Esta é uma das músicas que eu mais gosto do álbum "Aurora Prisma", do Violins. Talvez porque aqui estejam reunidos com maestria todos os elementos que caracterizam esta ótima banda goiana: a estrutura musical indie-rock, a riqueza sonora nos pianos que acompanham toda a música, as guitarras aparecendo mais pesadas em alguns pontos e os versos do vocalista Beto Cuppertino, que apesar de simples nessa música (ou talvez por isso mesmo), são muito bonitos.
Compre o álbum do Violins na Loja Monstro.
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Pra baixar: botão direito no link + salvar destino como. Ok?
24.3.05
Eles são bons. E eu já falei isso antes.
Bloc Party - "Tulips" - Já falei desses ingleses por aqui. Mas tenho que falar de novo, pois eles se tornaram a minha banda preferida, pelo menos no momento. E olha que isso não é muito difícil, mas o Bloc Party faz por merecer: o rock que eles praticam emula ótimas referências (Joy Division, The Cure) e ainda assim soa completamente novo e atual. Essa "Tulips" foi lançada como single um pouco antes de sair o álbum Silent Alarm, mas não foi incluída no tracklist do mesmo. Uma pena, pois a música tem uma guitarra muito bonita, e o vocalista negão Kele Okereke confirma que é a alma do grupo com sua entonação parecida com a de Robert Smith, dono do The Cure.
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* Pra baixar as músicas clique no link com o botão direito depois em "salvar destino como".
20.3.05
Vááárias Coisas
DAFT PUNK: Tem gente descendo a lenha no novo disco da dupla francesa, "Human After All". O pessoal do Pitchfork desancou a mistura de guitarras e eletrônica, dizendo que "não há atitude mais rock'n'roll do que apertar o botão de autodestruição". Já o Gordurama, sempre bem humorado, sugere que os rapazes virem motoboys, para pelo menos aproveitar os capacetes futuristas que usam em seu material de divulgação. Todo mundo acusa o Daft Punk de soar repetitivo, minimalista e linear demais em seu novo disco, mas parecem esquecer que essas características sempre estiveram presentes no som deles. Eu digo que gostei. Achei melhor que o incensado Discovery, de 2001, que na minha opinião era muito daft (ha!), enquanto esse está bem mais punk (haha!). E "Robot Rock" é um hino indiscutível.
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THE BRAVERY: Essa banda americana é irmã mais nova dos já conhecidos The Killers. Ambas saíram dos Estados Unidos para fazer sucesso na Inglaterra, levando seu rock oitentista cheio de teclados e incitações à dança. Só que enquanto o The Killers vem do interior (Las Vegas), o The Bravery vem de NY, carregando mais na androginia e hedonismo. Se isso ajuda no som? Eu pelo menos achei bem divertido, principamente no imbatível single "Honest Mistake", que tem um refrão que só sai da cabeça com cirurgia. "Swollen Summer" e "Fearless" são bem bacanas também.
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INTERPOL: Finalmente está sendo lançado no Brasil o segundo disco de uma das minhas bandas preferidas, o Interpol. O álbum, chamado "Antics", saiu lá fora há alguns meses, e é um disco que eu preciso ter na minha coleção, nem que seja pra que eu pare de ouvir em MP3 no meu trabalho (e mate a vontade de levantar o volume e cantar junto). ;)
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PRÊMIO CLARO: Já estão abertas as votações do Prêmio Claro de Música Independente (antigo Prêmio Dynamite). Pra votar tem que ir até aqui. Eu já votei, e comigo não tem essa história de voto secreto: melhor álbum de rock pra mim foi do Suíte Super Luxo (mas queria votar também nos Detetives), álbum de indie rock do Violins, revelação foi o Moptop e melhor site Senhor F. Só lembro dessas categorias (lesado...), mas são várias pra escolher. Só pra constar, a multinacional Claro também está fazendo a seletiva das bandas independentes que se apresentarão antes dos shows do Placebo, numa iniciativa muito legal. Tipo assim, tipo agora, se eu fosse comprar um celular, seria da Claro hehe. Vítima da publicidade, eu sei, mas é por um bom motivo.
18.3.05
Sin City (e não me venham com "Cidade do Pecado"!)

Se eu pudesse assistir somente um filme este ano, já teria feito minha escolha. A adaptação para o cinema de "Sin City", famosa série de quadrinhos de Frank Miller, promete conseguir tudo aquilo que "Captain Sky" tentou mas não entregou no ano passado: visual fantástico, personagens memoráveis e um enredo instigante.
Dirigido por Robert Rodriguez (com uma mãozinha de Frank Miller e Quentin Tarantino), o filme se baseia em três histórias da revista original, garantindo a fidelidade que se espera de uma adaptação. A mesma fidelidade foi mantida quanto aos personagens, onde um time de estrelas de Hollywood (que expressão batida!) garante uma impressionante caracterização dos habitantes de Sin City, que parecem ter saído do papel para ganhar vida própria.
Mas sem dúvida, o quesito no qual a fidelidade aos quadrinhos se mostra maior é exatamente no visual do filme. Utilizando-se de preto e branco (como nos quadrinhos) em alto contraste, Rodriguez conseguiu reproduzir com perfeição o clima soturno da história e preservar o traço de Frank Miller, até mesmo nos detalhes coloridos que também aparecem nas publicações. O resultado para os olhos é incrível, pra dizer o mínimo.
As chances de uma decepção são pequenas nesse filme, contando-se com o talento de Rodriguez, Miller e o estiloso Tarantino. Bem, tem o Bruce Die Hard Willys, que está aí só pra chamar público, afinal, é preciso garantir a bilheteria...
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Veja o ótimo trailer e várias fotos no site do filme: www.sincitythemovie.com
* A primeira figura do blog tinha que ser esse poster bacanudo do filme. Um viva pra mim, que consegui colocar uma figura aqui! \o/
16.3.05
Aproveite antes que acabe
De 16 a 20 de março acontece em Austin, no Texas, o festival South by Southwest (ou SXSW). Além de shows de mais ou menos 345342562 bandas, o evento terá conferências e pode ser a porta de entrada de bandas iniciantes para o sucesso, já que olheiros de todas as gravadoras também estarão por lá. O site disponibiliza a escalação de todos os dias, bem como MP3 de algumas bandas que se apresentam na cidade, já que os shows serão espalhados em vários pontos. Se você guardar todos os nomes que se apresentarão, poderá ficar sabendo beeem antes o que vai estar na capa da NME daqui a alguns meses (e se exibir para os amigos pffffff).
Bem, das bandas que eu já conheço e que soltaram seus MP3 no site, recomendo:
Bem, das bandas que eu já conheço e que soltaram seus MP3 no site, recomendo:
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Graham Coxon - "Freakin Out" - Graham era guitarrista do Blur e blábláblá. A história já é conhecida, bem como o senso pop do moço, que fica evidente nesta faixa. A impressão é que aqui estão todas as guitarras que faltaram no último disco do Blur.
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Death From Above 1979 – "Romantic Rights" – Pedreira total, o DFA79 faz hard-rock-indie-death-metal (!), tudo isso sem guitarra (!!), só baixo e bateria. Muito bom, tenho ouvido direto o álbum deles, "You’re a woman, I’m a machine".
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Radio 4 – "Absolute Affirmation" – Vindos de NY, o som deles só poderia ser esse mesmo: um tanto de pós-punk, uma batida dançante, mais um tanto de electro nos teclados. Apesar da fórmula, o Radio 4 é bom, além de ser um dos pioneiros na receita agora bastante explorada.
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Fatboy Slim – "Wonderful Night" – Esta é música que mais gostei do último disco do DJ britânico, chamado Palookaville. Ao contrário de outros momentos desse disco, esta faixa é absolutamente atípica, ficando difícil até de enquadrá-la em algum gênero da eletrônica. Aqui o groove come solto, amparado pelo vocal preguiçoso do rapper Lateef.
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The Go Team – "Huddle Formation" – Não consigo entender o The Go Team. A banda junta todas as influências possíveis, passando por todas as décadas em que o rock se desenvolveu. Essa faixa me parece a gravação de um improvável encontro de Sly & The Family Stone com MC5, num festival nos anos 70.
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Dios Malos – "Starting Five" – O Dios Malos vem da Califórnia, da mesma cidade dos Beach Boys. Deve haver alguma coisa na água daquele lugar, já que eles tem a mesma predileção que a banda de Brian Wilson tinha pelo pop celestial (vide o clássico Pet Sounds). E mesmo que eu queira explicar o arranjo de pássaros cantando, você só vai entender ouvindo.
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Willy Mason – "Gotta Keep Movin" – Mason é o tipo de cara que não precisa de muito pra fazer uma música, só mesmo do seu violão. Se um amigo se dispor a tocar bateria, o resultado será esta Gotta Keep Movin, cheia da influência country e folk que serve de base para este trovador.
Graham Coxon - "Freakin Out" - Graham era guitarrista do Blur e blábláblá. A história já é conhecida, bem como o senso pop do moço, que fica evidente nesta faixa. A impressão é que aqui estão todas as guitarras que faltaram no último disco do Blur.
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Death From Above 1979 – "Romantic Rights" – Pedreira total, o DFA79 faz hard-rock-indie-death-metal (!), tudo isso sem guitarra (!!), só baixo e bateria. Muito bom, tenho ouvido direto o álbum deles, "You’re a woman, I’m a machine".
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Radio 4 – "Absolute Affirmation" – Vindos de NY, o som deles só poderia ser esse mesmo: um tanto de pós-punk, uma batida dançante, mais um tanto de electro nos teclados. Apesar da fórmula, o Radio 4 é bom, além de ser um dos pioneiros na receita agora bastante explorada.
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Fatboy Slim – "Wonderful Night" – Esta é música que mais gostei do último disco do DJ britânico, chamado Palookaville. Ao contrário de outros momentos desse disco, esta faixa é absolutamente atípica, ficando difícil até de enquadrá-la em algum gênero da eletrônica. Aqui o groove come solto, amparado pelo vocal preguiçoso do rapper Lateef.
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The Go Team – "Huddle Formation" – Não consigo entender o The Go Team. A banda junta todas as influências possíveis, passando por todas as décadas em que o rock se desenvolveu. Essa faixa me parece a gravação de um improvável encontro de Sly & The Family Stone com MC5, num festival nos anos 70.
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Dios Malos – "Starting Five" – O Dios Malos vem da Califórnia, da mesma cidade dos Beach Boys. Deve haver alguma coisa na água daquele lugar, já que eles tem a mesma predileção que a banda de Brian Wilson tinha pelo pop celestial (vide o clássico Pet Sounds). E mesmo que eu queira explicar o arranjo de pássaros cantando, você só vai entender ouvindo.
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Willy Mason – "Gotta Keep Movin" – Mason é o tipo de cara que não precisa de muito pra fazer uma música, só mesmo do seu violão. Se um amigo se dispor a tocar bateria, o resultado será esta Gotta Keep Movin, cheia da influência country e folk que serve de base para este trovador.
12.3.05
Garota de Família
Julia Debasse - "Carmim" - A primeira música que ouvi da carioca Julia Debasse tinha o ótimo nome de "Garoto Idiota", e me fez ficar imaginando relações de parentesco que seriam responsáveis pelo som desta garota: ela poderia ser filha de Bob Dylan e Joni Mitchell, irmã de Aimee Mann e talvez, prima de Sheryl Crow. Depois de ouvir esta "Carmim", entendi que Julia tem também um irmão mais velho, chamado Nick Cave. Ele ficaria orgulhoso desta bela balada e seus versos fortes ("eu vou sangrar por você, sujar os pés de carmim"), conduzida por violão, um piano esparso e alguns acordes de guitarra.
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O link para MP3 foi tirado do site do selo Psicotrônica, que promete disco de Julia Debasse para este ano.
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O link para MP3 foi tirado do site do selo Psicotrônica, que promete disco de Julia Debasse para este ano.
8.3.05
Novidades no Senhor F
Um dos sites sobre música que mais gosto, o "Senhor F" está no ar com nova edição, apresentando seu layout reformulado, além de matérias especiais, resenhas, raridades e a já conhecida e eficiente cobertura do meio musical independente do Brasil. Como se não fosse o bastante, traz ainda a excelente Parada Senhor F (com mp3 de bandas novas) e disponibiliza para download, através de seu selo virtual, o novo single da banda mineira Mordida. Aproveite e baixe também o primeiro lançamento do selo, os catarinenses da Pipodélica.
Enfim, é a habitual caralhada de informação musical, pra quem gosta do assunto.
6.3.05
Rock and Drum and Bass and Roll
Kaiser Chiefs - "I Predicted a Riot" - Depois de aparecer na maioria das listas de "apostas para 2005", os ingleses do Kaiser Chiefs terão seu disco lançado no final de março. Esse primeiro single deixa claro que a principal influência da banda são os conterrâneos do The Clash, principalmente na primeira fase, aquela que em 1977 fez surgir o movimento punk ao lado dos Sex Pistols. A referência fica não só no título da música, mas também no refrão, que é The Clash puro.
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Zémaria - "A da Batera" - Quando o Zémaria surgiu, o drum'n'bass era o gênero da música eletrônica que estava na ordem do dia. Apesar de também misturar influências brasileiras às batidas quebradas (o que acabou desgastando o gênero), o Zémaria sempre flertou com outros estilos. Nesta faixa, a maior surpresa é que se trata de um drum'n'bass do tipo old-school, que lembra até o clássico de Adam F, "Brand new funk". E isso, pode acreditar, é uma coisa muito boa.
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Zémaria - "A da Batera" - Quando o Zémaria surgiu, o drum'n'bass era o gênero da música eletrônica que estava na ordem do dia. Apesar de também misturar influências brasileiras às batidas quebradas (o que acabou desgastando o gênero), o Zémaria sempre flertou com outros estilos. Nesta faixa, a maior surpresa é que se trata de um drum'n'bass do tipo old-school, que lembra até o clássico de Adam F, "Brand new funk". E isso, pode acreditar, é uma coisa muito boa.
Link para MP3 tirado do site da banda.
5.3.05
Sestine - "A Idade da Seresta"
Eu tenho uma teoria boba sobre a composição de canções tristes. Quando ouço artistas como Ryan Adams, Aimee Mann, Mojave 3, Alfie, Josh Rouse (principalmente estes que fazem folk-rock ou alternative-country), cantarem sobre a vida, solidão e amores perdidos embalados por violões e belas melodias, me sinto como se estivesse no meio do deserto americano, à noite, olhando a vasta paisagem, e sempre penso que os autores estiveram em lugares assim para compor suas canções.
Depois de ouvir as quatro faixas do EP “A Idade da Seresta”, da banda brasiliense Sestine, reforcei minha teoria. Se você pensar bem, Brasília também está localizada em uma região de vastas paisagens... Tá bom, eu sei, minha teoria não tem muito sentido. Afinal, com um compositor inspirado como Márcio Porto (que também é vocalista da banda), só é necessário ter talento para que se componha baladas com letras e melodias românticas, tristes e bonitas. Claro que ajuda na sonoridade se os outros componentes da banda também forem talentosos, principalmente com um guitarrista como Thiago Soares, que preenche as canções com acordes dilacerantes, e um baterista eficiente como Marcelo Freitas. Essa é a uma banda pra se prestar atenção.
E não é difícil de ficar atento enquanto ouvimos uma faixa como “Admirável mundo novo”, a primeira do disco. Se você me achou exagerado quando falei em “acordes dilacerantes”, espere até ouvir a guitarra steel dessa música. O vocal anasalado de Márcio Porto lembra de Bob Dylan a Billy Corgan, e deixa livre o caminho para que se ouça frases como “e nos meus bolsos eu levo os laços pra amarrar no teu coração” (eu adorei isso aí!). O nível das composições continua alto nas faixas seguintes: “Um epílogo” é sobre um amor perdido e sobre não olhar pra trás. Se esta é uma canção cheia de melancolia, a seguinte, “Serenata de uma nota triste” (com ótima guitarra), exala raiva por alguém que nunca olha pra você, e quem já se sentiu assim sabe como é. Da mesma forma, aqueles que tem um amor completamente correspondido se encantarão com a beleza da letra de “Chris Couto”, a quarta faixa, onde versos como “Eu nunca soube ler as entrelinhas onde os teus versos são escritos/ Mas eu decorei os acordes entre as pausas dos teus suspiros” são emoldurados por violões, acompanhados em crescendo pela bateria e guitarra.
De produção impecável, as quatro faixas do EP mostram uma banda promissora, que já prepara um novo álbum e tem disponibilizado em seu site versões acústicas de suas novas canções. Pela qualidade e beleza dessas faixas, fica claro que as “vastas paisagens” tem surtido o efeito esperado.
Depois de ouvir as quatro faixas do EP “A Idade da Seresta”, da banda brasiliense Sestine, reforcei minha teoria. Se você pensar bem, Brasília também está localizada em uma região de vastas paisagens... Tá bom, eu sei, minha teoria não tem muito sentido. Afinal, com um compositor inspirado como Márcio Porto (que também é vocalista da banda), só é necessário ter talento para que se componha baladas com letras e melodias românticas, tristes e bonitas. Claro que ajuda na sonoridade se os outros componentes da banda também forem talentosos, principalmente com um guitarrista como Thiago Soares, que preenche as canções com acordes dilacerantes, e um baterista eficiente como Marcelo Freitas. Essa é a uma banda pra se prestar atenção.
E não é difícil de ficar atento enquanto ouvimos uma faixa como “Admirável mundo novo”, a primeira do disco. Se você me achou exagerado quando falei em “acordes dilacerantes”, espere até ouvir a guitarra steel dessa música. O vocal anasalado de Márcio Porto lembra de Bob Dylan a Billy Corgan, e deixa livre o caminho para que se ouça frases como “e nos meus bolsos eu levo os laços pra amarrar no teu coração” (eu adorei isso aí!). O nível das composições continua alto nas faixas seguintes: “Um epílogo” é sobre um amor perdido e sobre não olhar pra trás. Se esta é uma canção cheia de melancolia, a seguinte, “Serenata de uma nota triste” (com ótima guitarra), exala raiva por alguém que nunca olha pra você, e quem já se sentiu assim sabe como é. Da mesma forma, aqueles que tem um amor completamente correspondido se encantarão com a beleza da letra de “Chris Couto”, a quarta faixa, onde versos como “Eu nunca soube ler as entrelinhas onde os teus versos são escritos/ Mas eu decorei os acordes entre as pausas dos teus suspiros” são emoldurados por violões, acompanhados em crescendo pela bateria e guitarra.
De produção impecável, as quatro faixas do EP mostram uma banda promissora, que já prepara um novo álbum e tem disponibilizado em seu site versões acústicas de suas novas canções. Pela qualidade e beleza dessas faixas, fica claro que as “vastas paisagens” tem surtido o efeito esperado.
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Site do EP “A idade da Seresta” (com MP3, letras e release)
Site da banda (com versões acústicas de novas músicas)
2.3.05
Instruções: 01) Baixe. 02) Ouça. 03) =]
Bidê ou Balde - "Mais um dia sem ninguém" - Veja só como as coisas são: logo agora que a BoB conseguiu fazer seu melhor disco (que se chama "É preciso dar vazão aos sentimentos"), tem que lançá-lo de forma independente. Não que isso seja um problema, mas deixa a gente pensando qual é o motivo que faz com que um disco como esse, cheio de canções pop de qualidade, não faça um sucesso maior. De qualquer forma, os gaúchos continuam trilhando o caminho que é característico do seu som, e talvez essa faixa seja o maior acerto no alvo: influências sessentistas, guitarras vigorosas, teclados bem colocados e letra esperta. Do jeito que o "rock gaúcho" sempre quis ser.
Compre o disco no site da banda.
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Hot Hot Heat - "Goodnight goodnight" - De quantas bandas de pós-punk nós precisamos? O gênero é o que atualmente concentra o maior número de bandas novas, ou pelo menos daquelas bandas que me interessam. O Hot Hot Heat não é novo, mas essa "Goodnight goodnight" é o primeiro single de seu segundo disco, chamado "Elevator", que sai em abril. Ser menos badalada do que as outras bandas que apareceram em 2001 para "salvar o rock" fez bem a estes canadenses, permitindo que assumissem a diversão descompromissada desta faixa. A alegria da bateria sixtie, bem na hora do refrão todo animado, não me deixa mentir.